Quais os efeitos do uso das redes sociais no psiquismo? Que mudanças o Facebook tem provocado em nossa maneira de viver e no funcionamento da sociedade?
Creio que já existem textos e artigos em grande quantidade sobre o tema das redes sociais, no entanto, sinto-me no dever de trazer o assunto nesse blog, que nada mais é que mais um espaço virtual. Gostaria de iniciar falando que não sou contra, nem a favor das redes sociais, e o fato de que vou apresentar mais o lado negativo das redes sociais é nada mais do que uma advertência ao uso desregulado que se vem fazendo das redes. Para refletir sobre o uso que fazemos dessa ferramenta, é necessário ter em mente que a realidade é do lado de fora do computador. Isto mesmo, do lado de fora! Parece ser óbvio, mas não é, uma vez que com o uso constante da Internet passamos a enxergar no mundo os elementos provenientes da rede. Deixe-me explicar. Como sabemos que alguém leva uma boa vida? Sabemos através do que ela expõe de sua vida, ou seja, através da parte (ou ângulo) de sua vida que ela deseja mostrar. Pessoas tem estado com a câmera na mão constantemente tirando fotografias para exibir em sua timeline, por vezes perdendo o próprio momento para obter as fotos. Não me excluo dessa situação, faço o mesmo, no entanto, considero importante refletir sobre isso, já que o critério que grande parte de nós tem para julgar se alguém está ou não fazendo algo interessante da vida é o que ela expõe. É um critério muito frágil, concorda? Portanto, em primeiro lugar está O QUE a pessoa compartilha de sua vida com a rede. Em segundo, e não menos importante, o número de curtidas! O número de curtidas é uma forma quantitativa de identificar o quão interessante é determinada atividade. Vale ressaltar que o número de curtidas que uma pessoa teve em sua foto do perfil pode influenciar sua auto-estima e sua imagem corporal. Isso é uma questão muito séria!
Além disso, muitas neuroses se manifestam nas redes sociais, quando por exemplo, ficamos espionando a vida das pessoas visitando seus perfis ( ato conhecido nas gírias de internet como "stalkear", que vem do termo inglês stalk = perseguir).
Além disso, muitas neuroses se manifestam nas redes sociais, quando por exemplo, ficamos espionando a vida das pessoas visitando seus perfis ( ato conhecido nas gírias de internet como "stalkear", que vem do termo inglês stalk = perseguir).
Qual é então o grande atrativo das redes sociais? Eu diria, sem sombra de dúvidas, que o maior deles é a possibilidade de construir uma personalidade, escolhendo cuidadosamente o que você compartilha, o que você twitta, e assim, decidindo que imagem você pretende construir de si próprio. Além disso, nos chats ou nos comentários, por não ser necessário olhar cara-a-cara uma pessoa, os internautas podem assumir diferentes personalidades, que podem ou não ser condizentes com a realidade. Esse ponto é crucial, tendo em vista que grande parte da interpretação de uma conversa humana na vida real provém do tom de voz, do contato, do olhar, dos gestos e expressões corporais. (Nesse sentido as conversas via skype e webcam são mais próximas do real.) O que dizer então da antiga prática de trocar cartas pelo correio? Ela também não limita a conversa humana à mera troca de palavras? De fato, poderia se dizer o mesmo dos correios, mas o que se deve ter em vista aqui são dois pontos: a utilidade da ferramenta e a sua limitação. A troca de emails, cartas, mensagens, ou seja lá o que for, é a única forma de manter contato com um amigo distante por exemplo. É de extrema utilidade. Mas isso não muda o fato de que esse tipo de relação jamais substitui o contato face à face no mesmo nível. E era exatamente esse o ponto que eu gostaria de chegar desde o começo do texto: a vida virtual como substituta da vida real é como uma bengala para um homem com dificuldade de caminhar. Há relatos de pessoas com fobia social que buscam nas redes sociais uma fuga da realidade, e há inclusive psicólogos que utilizam as redes sociais como forma de tratamento para pacientes com esse tipo de problema, o que nos dá indícios do poderio que a web tem de ser uma frágil, mas ainda assim tentadora, substituta da realidade.