Friday, August 30, 2013

O condicionamento humano I

Se eu pudesse obter a resposta para qualquer pergunta, quais seriam as perguntas mais importantes a serem feitas?

Porque sofremos? Porque não temos tempo para fazer as coisas mais essenciais da vida? Porque construímos um mundo cheio de ódio, violência, segregação, guerra, fome, disputa, ganância, ilusão? Porque nos sentimos tão incapazes perante a esses fatos? Qual é a sua resposta?

Talvez eu já tenha tentado mudar tantas e tantas vezes e continuei o mesmo, que acabei desistindo. Me agarro à alguma forma de ilusão que diz que tudo vai ficar bem, que estou melhorando, que estou indo atrás dos meus objetivos, que alguém vai fazer por mim o que deve e só pode ser feito por eu mesmo. Como alguém pode mudar os relacionamentos de outra pessoa? Como alguém pode trazer paz real para a vida de outra pessoa? Como alguém pode mudar a sociedade? Os lideres comunista tentaram, Stalin, Che Guevara, Lenin, Fidel Castro, Mao-tsé-Tung. Mas nós vimos o fracasso dos regimes socialistas em todo o mundo, a tremenda repressão que existiu nesses países, a confusão e conflito gerado. Porque os comunistas esperavam que Stalin resolvesse os seus problemas. O ser humano sabe a condição precária em que vive em todas as partes do mundo, mas o ser humano acredita não ser capaz de mudar, acredita que a humanidade é assim mesmo. Porque? A sociedade é formada por cada ser humano, e cada um de nós está terrivelmente condicionado, de tal forma, que o condicionamento é tudo o que conhecemos. É como ter vivido a vida inteira dentro de uma cerca sem saber que existia um mundo maravilhoso la fora. 

Nos identificamos com alguma autoridade: Hitler, Stalin, Freud, e isso nos dá uma segurança, um alívio. Nos identificamos com um grupo, e passamos a supervalorizar esse grupo, colocando-o fora da humanidade. Dizemos a nós mesmos: o ser humano é assim mas o meu grupo é diferente, o grupo a que pertenço é melhor, nós sabemos a verdade, nós somos o que há de melhor na humanidade. Somos arianos, vegetarianos, somos mulçumanos, somos a luz da humanidade. Longe de todos esses rótulos, que eu instituo para mim mesmo, continuo sendo um ser humano, como todos os demais. Com a minha dificuldade diária, inveja, ciúme, correndo atrás de dinheiro, buscando fama, e com um enorme egocentrismo. Tudo que importa são as coisas relativas ao Eu. Minha esposa, meu carro, minha família, meu Estado. Existe um mundo inteiro além disso. O mundo parece não importar, o Eu é a instância mais importante do universo. Daí vemos toda a degradação ambiental, espécies em extinção, poluição do ar. 
Muitos de nós nos apegamos a pequenos valores como o fato de não falar palavrão ou não comer carne para idealizar a imagem que fazemos de nós mesmos. Pode um ser humano ver o fato de que ele e o resto da sociedade fazem parte do mesmo condicionamento? Toda vez que eu grito, entro numa discussão, ataco, insulto, corro atrás do vento, eu elaboro minunciosamente uma justificativa para isso. " Eu fiz isso, mas alguém me feriu". E assim o gigante ciclo de ignorância tem perdurado por milhares de anos de existência do ser humano. Todos nossos instrumentos para lidar com isso tem se mostrados insuficientes, o ser humano continua sendo o mesmo bárbaro de antigamente.
Porque eu, você, eles, nós não mudamos?