O Condicionamento Humano II
Para uma melhor compreensão deste texto, o ideal é que o leitor leia o texto “O condicionamento humano” nesse mesmo blog. Segue o link:
Para uma melhor compreensão deste texto, o ideal é que o leitor leia o texto “O condicionamento humano” nesse mesmo blog. Segue o link:
O objetivo destes textos é de investigar junto ao leitor a
existência de um modo de vida diferente, novo, em que termine tamanho sofrimento
e conflito em que toda a humanidade tem estado submersa. Porém atentos para que
não mergulhemos em idéias utópicas, ou algum tipo de droga romântica que visa
nos isolar da realidade da sociedade. Existe o sofrimento, isso é um fato incontestável.
Hoje, vamos falar a respeito da
questão do mérito. Eu, como ser humano, sinto que devo me esforçar para chegar
à determinado alvo, e que se eu alcançar este alvo, foi graças ao meu esforço,
seja minha carreira, minha esposa/marido, meu carro, minha reputação. Tenho
acreditado piamente que tudo o que conquistei, todas às vitórias, ganhos,
lucros, foram devido ao meu mérito próprio, meu esforço, minhas escolhas. Por favor não diga: “mas é
claro que me esforcei”. Com certeza sim, mas vamos investigar isso. Veja, se
observo ao meu redor me deparo com uma sociedade desigual. Uns tem muitas
propriedades e dinheiro, outros vivem abaixo da linha da miséria. Uns nascem em
berço de ouro, outros nascem na total falta de recursos para se desenvolver
fisicamente e intelectualmente. Alguém pode nascer ou sofrer alguma fatalidade
durante a vida que o leve a alguma deficiência, e ter grandes dificuldades
devido a falta de infra-estrutura e inserção que a organização social promove.
Como ser humano tenho um acúmulo de experiências que decifram minha realidade,
que literalmente controlam meus pensamentos, e colocado diante de uma
determinada situação o pensamento opera interpretando de forma automática o que
me cerca. Onde está o meu mérito então? Acaso nos esquecemos de quantas
circunstâncias, pessoas, acontecimentos, experiências, foram necessárias para
formar o que considero mais louvável: que sou eu? Será que chegamos a algum
lugar por mérito próprio?
O que me leva a optar por “x” ao
invés de “y”?
Está é a questão da escolha. Porque
escolhemos, decidimos ? A resposta é
muito simples. É devido às minhas experiências que opto por uma escolha em
detrimento da outra. Arthur Schopenhauer pronunciou palavras muito bem
colocadas sobre a questão da escolha: “ O homem é livre para fazer o que quer,
mas não para querer o que quer “. Se fossemos livres para querermos o que
quiséssemos não haveria erros, todos nós optaríamos pelas melhores decisões
para a humanidade e tudo correria bem. No entanto parece que a nossa vontade
está condicionada pela nossa experiência, e como cada um de nós tem
experiências superficialmente diferentes temos vontades diferentes. É nesse
ponto que se encontra o perigo ao meu ver. Por favor não diga: “ Mas é obvio
que temos vontades diferentes, o que há de mal nisso?”. Provavelmente não haja
nada de mal nisso, mas existe algo no modo como lidamos com nossas vontades que
as tornam deturpadas, egoicas. E é um fato obvio que o movimento egoico não é o
melhor para a humanidade. Como cada indivíduo tem vontades diferentes, guerreamos por nossas vontades individuais. Eu acho que X é melhor, você acha que é Y. Eu acho que o meu deus é melhor, você acha que é o seu ou que é a ciência, e assim guerreamos, ou então, guerreamos por competição. Você diz "a vaga é minha" e eu digo "De forma nenhuma! ela é minha."; e simplesmente aceito o fato de só haver uma vaga. Porque não levanto a voz diante dessa situação? Porque não gritar sobre o que está acontecendo em todo o mundo?
Existem estudos que demonstram
que o cérebro comanda determinadas ações antes de o individuo ter consciência
delas. O psicólogo Benjamin Libet através de um experimento mostrou que uma
região do cérebro envolvida em coordenar a atividade motora apresentava
atividade elétrica uma fração de segundos antes dos voluntários tomarem uma
decisão, no caso, apertar um botão. Estudos posteriores corroboraram a tese de
Libet, de que a atividade cerebral precede e determina uma escolha consciente. Provavelmente,
a esta altura, o leitor estar se perguntando: “ Espere, Você está dizendo que
escolhemos de forma automática baseado em nossas experiências? Isto não é
determinista demais? Se for assim, o que adianta toda essa discussão, assassinos continuarão assassinos e farsantes continuarão farsantes, não é mesmo? ”. Pode o
ser humano mudar isso? É isso que nos interessa investigar. Será que a partir
do momento que o ser humano se torna consciente da realidade de que ele vêm
sendo condicionado, de que ele tem diversos atos ritualísticos por repetição,
por recompensa. Pode ele mudar? Isto é, pode ele duvidar de sua própria
experiência? Poderemos habitar esta linda terra com vales, cascatas, plantas, montanhas, pássaros, o mar, tecnologia
em favor do bem-estar, sem o repetitivo
conflito em que vivemos?