Wednesday, March 18, 2015

Manifestações 2015, Eleições e Impeachment

Devido ao clima que paira no ar em todo país, me sinto impelido a escrever algo a respeito das manifestações desse ano. Tal motivação talvez tenha surgido da conversa com um senhor que me indagou se eu havia ido aos protestos de Domingo. No momento em que eu respondo que não, surge uma estranheza no diálogo com o senhor; começa-se a questionar sobre o grau de comprometimento que eu tenho com o bem-estar da população, e começa-se a repudiar minha atitude de ter permanecido em casa. Num dado momento da conversa, este senhor me pergunta o que eu tenho feito para melhorar o país. Eu devolvo a pergunta. E ele me sorri meio que querendo dizer: " Eu estava lá". 

Essa pequena cena, me fez pensar um pouco sobre o valor que essa participação política tem na vida de muitas pessoas, e sobre o porque fui rechaçado, não só nesse meu pequeno relato, mas em outros acontecimentos semelhantes também. Em verdade, a maior parte das pessoas sente que está cumprindo seu dever como cidadã e que está promovendo uma mudança no país pelo simples fato de ter escolhido entre alguns candidatos numa urna. Não vou esconder minha posição a esse respeito: é muito difícil votar. Há duas opções, o fantoche da esquerda, ou o fantoche da direita... Ou ainda... como satiriza a série South Park, há duas opções: O Sanduíche de Merda, ou o Babaca Inútil. Aliás, vale a pena lembrar que em South Park, o personagem com "traços anarquistas" Stan, foi banido da cidade por ter abdicado de seu voto. Conforme nos alerta George Carlin "de onde diabos pensamos que os políticos vêm?" Eles vêm de nossas escolas, de nossas famílias, de nossas Igrejas. Então se há algo errado com eles, é porque deve haver algo errado conosco. Nenhum político, repito NENHUM político se elege sozinho. É a população quem o elege, e as atuais  manifestações demonstram que o povo esta reivindicando seu poder. Há algo errado com o governo petista? Sem dúvidas, mas isso não significa que vivíamos as mil maravilhas nos governos anteriores. Portanto, obviamente, a reforma política tem que ser muito mais profunda do que uma mudança presidencial. Não se trata de mudar as peças, se trata de mudar o sistema. É aceitável um sistema político onde a corrupção é possível e fácil? Obviamente não. Não basta um Impeachment. Meu desprezo pela política do nosso país, psicologicamente, é tão significativo para mim quanto as manifestações para o senhor que mencionei no início desse texto. Imagine a repercussão de uma eleição onde ninguém votasse. As pessoas iriam ter que se reunir, assim como agora, para discutir o futuro do país. O voto nulo é a maior demonstração de que alguém não leva a sério a piada que está sendo contada pelos políticos. 


Outro ponto importante: Política não é um campeonato de futebol! Se você pensa que o seu partido é o seu time, bem... talvez seja um campeonato pra você. Aliás, só de você ter um partido num país como esse, talvez seja um campeonato para você. Confira nesse video o que acontece quando se trata política como o futebol:   

.
https://www.youtube.com/watch?v=BNKMCVLv4Ks

Quando as pessoas tem um partido definido, o diálogo entre as partes é muito dificultado, e cria-se uma tendência a ver apenas um lado da moeda. Pelo menos é isto que tenho observado nos "devotos" dos mais variados partidos. Nesses casos, acusações são comuns, do tipo "alienado", "elitista", ou pior, "nordestino analfabeto".  


Conclusão: Os brasileiros tem todo o direito de se manifestar, e isto pressiona o governo a efetuar algumas mudanças, Entretanto, é equivocado supor que alguém que não foi as manifestações está alheio ao que esta acontecendo no país. Não fui as manifestações porque não é meu modo de agir. Acredito nas micro-revoluções tanto ou mais do que nas macro, uma pequena atitude de uma pessoa perante a vida, pode ser suficiente para colaborar com o bem-estar social, tais como honestidade e um trabalho que produz resultados sociais, por exemplo. Esta mudança individual, em larga escala, pode ter mais efeito do que as revoluções coletivas, uma vez que nessas últimas há sempre alguém tentando tirar proveito do movimento das massas. Reitero a indagação de Olavo de Carvalho: no tão bem intencionado socialismo, o militante após concluir sua revolução simplesmente irá para casa descansar e aproveitar o comunismo ou ele está em busca de uma posição de destaque e poder? ( No lugar de socialismo, pode ler-se fascismo, direitismo, ou o ismo que lhe convir).