Thursday, August 21, 2014

O planeta dos macacos - o confronto (2014)

O segundo filme da nova saga de "O planeta dos macacos" contêm elementos interessantes, e sem dúvidas é um filme que não deve passar batido pelos apreciadores do cinema. O filme remonta a história da própria humanidade ao falar de como surgem os grupos, da luta pela sobrevivência, da relação do homem civilizado com os animais e com os "selvagens", das tensões entre grupos diferentes e da origem de uma guerra. Li uma crítica que dizia que o filme repete o velho clichê "civilização x selvagens", presente em Avatar, Pocahontas, e muitos outros filmes. Porém, acredito que esse filme traz algo um pouco incomum, que é o fato de se tratar de uma civilização apocalíptica. Os seres humanos do filme não estão em posição de superioridade tal como os colonizadores de outros filmes, mas eles estão lutando pela própria sobrevivência.

No primeiro filme, um grupo de macacos (que devido à um experimento se tornaram super inteligentes) se rebela e foge do cativeiro, enquanto uma nova epidemia de um vírus ameaça a humanidade. Neste segundo filme, 10 anos depois da fuga do grupo rebelde de macacos, César, o líder dos macacos, é novamente um dos protagonistas. César e os demais tem pela frente um desafio: o reaparecimento dos humanos após alguns anos de seu sumiço, devido a doença que se alastrou pelo mundo devastando as populações humanas. Logo que os humanos começam a reaparecer, surgem as tensões, uma vez que os humanos pretendem restaurar a energia elétrica na antiga cidade humana, e isso irá depender de uma antiga hidrelétrica que se encontra desativada no território dos macacos. É nessa tensa relação que se encontra pra mim o brilhantismo dessa  longa-metragem. Fazendo uma analogia com a vida real, o comportamento humano ao longo da história tem sido de valorizar o que pertence ao "meu grupo", e produzir preconceitos em relação ao "outro grupo". É na confirmação desses preconceitos que surge o pretexto para a violência. Voltando para o filme, os macacos viam o ser humano com desconfiança, e a maior parte dos humanos viam os macacos como meros animais. A confirmação do preconceito veio através de um único evento, que foi quando um humano isolado agiu de forma desleal com os macacos. Nesse momento ocorre a generalização, os macacos concluíram erroneamente que todos os humanos são iguais. Sendo assim, há o pretexto para a guerra. Mas ainda assim, ela parte de apenas um dos macacos, que dissemina a ideia de que os humanos estão mal intencionados. Uma das falas do filme que ilustra bem essa relação entre os grupos, é quando César diz que ele pensava que os macacos fossem diferentes dos humanos mas na verdade são iguais. 

Na história da humanidade muitas guerras, carnificinas e até mesmo pequenas violências do dia-a-dia começaram e foram justificadas pelo fato de pessoas pertencerem a grupos diferentes, com valores e objetivos opostos mas que no fim são a mesma coisa: o "instinto de rebanho". Sem mais delongas, não quero dar spoillers para quem não assistiu o filme. Apreciei e recomendo!