Um texto criado espontaneamente.
Posso ouvir a voz que ecoa em mim. Calado, enquanto meus dedos
buscam palavras, para expressar, sintetizar o que se passa dentro de mim.
Escrever é uma forma de existir, um ato criativo, dos mais sublimes. É possível
ser tomado de tal forma por uma experiência artística, que parece que uma
psicografia está acontecendo. Mas não é um espirito que toma conta de mim, é O
espírito. Espírito da Arte. Essa energia universal que toma emprestado o dom de
alguns bons criadores, que apenas se deixam usar pela intuição de algo que eles
ainda sequer podem ter ideia do que seja. Contemplativos, absortos numa experiência
quase mística, seus anseios são vistos por eles próprios de muito longe. Eles
não estão submersos nas preocupações. Estão vendo os anseios como expectadores.
Como é bom ver suas próprias preocupações assim nessa distância. Vemos o que
somos afinal. Humanos, ah, somos humanos! E quanto mais humanos somos, mais nos
entendemos. Ninguém é do jeito que é por um acaso. Milhares, milhões, vivendo
na inconsciência, agindo por impulso, por repetição da velha brutalidade! É que
ainda não despertamos desse sono profundo, em que nos encontramos, ainda não
entendemos o senso de solitude, e de paz. É preciso estar bem consigo mesmo,
vencer a guerra interna, e então viver em comunidade. Não se trata de
isolamento, mas se trata de modificar o próprio ambiente, se trata de levar a
luz. É claro que serão necessárias horas de reclusão, mas lembre-se que o
sentido de tudo sempre estará em relação com as pessoas, com o mundo. Somos
todos parte dessa mesma humanidade. Somos todos um.
Mas
essa contemplação está “perdida”. (Ou na verdade ela sequer foi conquistada
ainda). Há um agitamento nas ruas. A pressa tomou conta do nosso dia-a-dia.
Falamos nas músicas e nos poemas de como é bom ver a lua, e o pôr-do-sol. Ou de
como é bom fazer uma refeição com os amigos. Apenas exemplos, de coisas
prazerosas, que deixamos de lado. Não é nossa prioridade. Viver é secundário.
Queremos alcançar, queremos resolver nossos problemas, mas o cerne de nossos
problemas é exatamente nossa tentativa de resolve-los. E comigo não é
diferente. Por isso, escrevo para mim mesmo, coisas que eu mesmo preciso ouvir.
Falo do lugar da imperfeição, do humano. Mas ainda assim, imperfeito, sou
movido por uma utopia, por um sonho. Algo que certamente não irá se tornar
realidade, mas que me guia.
Podemos
fazer tudo que importa, é uma questão de prioridades. Não deixe que os outros
te pressionem a fazer o que você não quer e o apertem para fazer mais rápido do
que você pode fazer. Respeite seu tempo, seu corpo. Faça uma coisa de cada vez.
Em outro texto, escrevi sobre o tempo, da importância de se ter um tempo para
realizar tarefas necessárias, e de se ter outro tempo simplesmente para curtir
a vida. A maioria de nós sabe que é importante fazer essas duas coisas, mas
ainda assim vemos muita gente caindo nos extremos. Um dos extremos é o trabalho
excessivo, e o outro é a festança excessiva, que com o tempo se torna
insustentável.
Take your time. “Aproveite o dia”
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