Wednesday, May 16, 2012
Exclusão de saberes
O homem com suas dúvidas persegue intelectualmente a verdade sem nunca alcançar. Quando ele pensa ter alcançado a verdade, surge um novo paradoxo e ele
descobre que aquilo ainda é só uma parte.
Imaginem um objeto que é contemplado por quatro pessoas. uma pessoa está localizada na frente do objeto, outra
está localizada atrás do objeto e as outras duas estão nas laterais esquerda e direita do objeto. cada pessoa observa aquele objeto e obtém informações
diferentes dele a depender do ângulo que está sendo observado. Assim é cada ser humano e assim é cada parte do saber, apenas uma comunicação entre cada
aréa do saber humano poderia produzir algo que se aproximaria da verdade. Mas no fundo, isso é uma utopia da ciência. Isto porque a percepção dos objetos
também varia conforme a personalidade do observador e a natureza do objeto. Assim como a consciência a nossa percepção é seletiva. A atenção de uma pessoa
que foi privada por alguns dias de comida se volta para o alimento, e a atenção do biólogo se volta para as formas de vida pois este é o seu interesse. Além
de existirem varias óticas, como já mencionado a percepção varia de acordo com a natureza do objeto, ou melhor a propriedade do objeto em relação ao
meio, ou seja, as interações figura-e-fundo. Normalmente o que é diferente nos chama atenção. Se está tudo quieto e algo se movimenta esse algo em movimento chama
a atenção da nossa consciência. Se está tudo em silencio e aparece no ambiente um estimulo auditivo de um som estridente naturalmente ele nos chamará a
atenção. Eis o que enxergamos, a lembrança do que acabamos de ver. Por que é assim que funciona o complexo cerébro-mente, após a imagem ter sido captada
por nosso sistema visual ela será filtrada e processada conforme nossos valores. Devido a isso e a nossa massacrante cultura competitiva, a maioria de nós
costuma enxergar as coisas a nosso favor, visando a nossa vitória em detrimento do outro, ou melhor dizendo, a exaltação a partir da exclusão. É como
imaginarmos uma partida de futebol, frequentemente achamos que o arbitro está roubando em favor do time adversário e nunca achamos que o arbitro está
roubando em favor do nosso time. É o mecanismo de defesa do nosso bem-estar pessoal em ação. É a nossa percepção deturpada da realidade que passa pelo filtro
do principal valor encontrado nos dias de hoje que é o culto ao Eu. Todos querem dominar o saber, para isso tem que apelar para a exclusão dos outros
saberes. Assim gira o mundo, não pelo valor de um saber em si, mas pela sua capacidade de tornar-se superior ao outros. Todo fenômeno que é verdade para
alguém passou por uma observação e constatação distorcido ou não. Imaginemos então as ciências... Todas são dotadas de uma grande fonte de conhecimento. Apenas
o mutuo respeito entre esses saberes pode produzir a solução de determinados tipos de problemas. Como no caso das doenças neuropsiquicas em que é preciso
se fazer um link entre o biológico e o mental. Mas até esta busca por resolver problemas é questionável. Existem problemas que jamais existiram, apenas
quiseram trata-lo como problema. Estranha mania de perfeição do mundo capitalista industrial. Existe a ideia de que todos os problemas podem ser resolvidos por métodos
operacionais. Esta é a lei, e assim passamos a vida inteira combatendo sem se saciar o mundo inteiro. Estabelece-se a meta e resolve-se o problema. As
metas são soluções para os problemas, os problemas normalmente são a falta de algo. Algo este que por um instante chega até parecer que irá nos levar a
plenitude.
Será que sobre tudo se pode falar? Ou será que nosso comportamento de falar esta sendo modelado como o comportamento de falar de um bebê que recebe aplausos
quando diz "mamãe" pela primeira vez? Por que será que é tão difícil dizer "Só sei que nada sei"? Por que será que é mais difícil ainda VIVER no "Só sei
que nada sei"?
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